Lei regulamentada ontem causou reclamações entre representantes do setor; já os frequentadores de casas noturnas comemoraram
Quando for à balada nos fins de semana, o administrador de empresas Rafael Ciaramicoli, de 24 anos, não precisará mais desembolsar R$ 16 com quatro garrafas de água, como faz hoje para espantar o calor das pistas fechadas das casas noturnas do Itaim, na zona sul da capital.
Ontem, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) regulamentou a lei que obriga casas noturnas e danceterias a fornecer gratuitamente água potável aos frequentadores. Essa legislação foi aprovada em 2008. E agora tem prazo para começar a valer: três meses.
Os bebedouros devem ser instalados em local visível e a danceteria também terá de fornecer copos plásticos descartáveis. O decreto diz ainda que não podem ser colocados bebedouros de garrafão, como os usados em residências, por exemplo.
É necessário um bebedouro para cada 200 frequentadores. Em locais que recebem mais de mil pessoas, são necessários seis bebedouros, mais um a cada 300 frequentadores adicionais.
Se a medida agradou a frequentadores de casas noturnas como Ciaramicoli, por outro lado descontentou o setor de bares. "Teremos de arcar com mais essa despesa se quisermos manter o negócio", afirma o empresário Percival Maricato, diretor jurídico da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel-SP).
Segundo ele, a venda de água representa de 5% a 10% do faturamento desses estabelecimentos. A falta de arrecadação com essa receita será repassada a outros tipos de bebidas, alerta Maricato.
Edson Pinto, diretor do Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares concorda. "Alguém vai acabar pagando por isso e será o cliente", afirma.
Ecstasy. Edson lembra que, quando foi aprovada, a lei havia sido pensada para que o fornecimento de água funcionasse como política de redução de danos para usuários de ecstasy, droga muito usada na balada e que tem como um dos efeitos colaterais a necessidade de a pessoa se hidratar bebendo água para não passar mal. "Quem tem de ter política pública para tratar essa questão é o governo, não os empresários", protesta.
Alguns estabelecimentos, como o Vegas Club, na Augusta, anteciparam-se à exigência da lei. A casa instalou um bebedouro já em 2007. "Nossas vendas com água não caíram. As pessoas compram uma garrafinha e depois a enchem várias vezes. Assim, ficam satisfeitas sem reclamar de que é tudo cobrado", afirma o gerente financeiro Luiz Eduardo Magalhães Bastos, de 30 anos.
Menos problemas. Segundo ele, além desse clima, a casa noturna não teve mais tantos problemas de frequentadores que passavam mal como antes."Diminuímos a limpeza dos banheiros", explica. "E até as brigas diminuíram", garante. (ABRASEL)
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